sexta-feira, 11 de junho de 2010

Keleti pu

Keleti pályaudvar! Traduzindo do húngaro resulta em qualquer coisa semelhante a estação do Este. Daqui partem de e chegam a Budapeste muitas ligações ferroviárias internacionais, transformando a estação numa referência para os viajantes que demandam terras magiares e mesmo do leste europeu. O meu primeiro contacto com a Keleti pu (como é geralmente apelidada) teve lugar em 1978, o ano de estreia no que ao Inter-Rail respeita. A estação marcou o início de uma das etapas que, naquele ano, me levariam na companhia da minha tia Maria até Cluj-Napoca na Roménia. Uma etapa cuja história inclui actividade ilegal por parte da minha tia que, não tendo conseguido comprar o seu bilhete atempadamente na Keleti pu, acabaria por subornar com marcos alemães os dois revisores, o húngaro antes do comboio cruzar a fronteira em Biharkeresztes, e o romeno já nas imediações da primeira cidade romena, de seu nome Oradea. Voltei em 1981, proveniente da então Checoslováquia. Episódios marcantes desta vez? Talvez um pedido de qualquer coisa para comer no buffet da Keleti pu, qualquer coisa que julguei ser uma espécie de costeleta, mas que 'resultou' numa espécie de pepino embebido num molho castanho de sabor inenarrável. Talvez, a descompostura que um indíviduo de fato e gravata deu a uma jovem húngara em pleno cais da estação, cuja origem, numa base puramente especulatória, pensei estar no expressivo decote que a 'descomposta' apresentava.
Regressei à Keleti pu há poucos dias. Depois de uns dias de actividade académica na cidade de Pécs (lê-se pêtche), utilizei o Inter-City que liga aquela cidade do sul da Hungria para chegar a Budapest, onde tinha de apanhar o avião para Frankfurt no dia seguinte. Diferenças? Poucas em termos estruturais e arquitectónicos. Muitas, em termos da 'clientela'... muitos 'chatos' (por exemplo, 'Taxi? Taxi? No, thank you! Taxi? Taxi? Taxi?, No, Thanks!, Taxi, etc.), muitas pessoas a pedir dinheiro à saída dos cais, algumas senhoras que, pelos seus vestidos de cores berrantes e decotes muito mais acentuados do que o da pobre rapariga alvo da ira do homem de fato e gravata, não deixavam grandes dúvidas quanto à razão da sua presença na gare. A Praça Barossi, o primeiro ponto de contacto com Budapeste para quem chega à capital húngara de comboio, estava diferente também, isto devido às obras de remodelação que aquele espaço urbano está a sofrer, como aliás se pode 'desconfiar' através da foto abaixo reproduzida.