quarta-feira, 28 de maio de 2008

Zeca Afonso, Garibaldi...

Ao dobrar de uma esquina, bem no centro de Pisa e perto da praça que homenageia o "Herói dos Dois Mundos", como Giuseppe Garibaldi é frequentemente denominado (dos dois Mundos devido à sua acção em Itália e na América do Sul, onde, por exemplo, comandou o movimento que conduziria à independência do Uruguai). Um concerto de um outro género de "herói" (duvido que o Zeca gostasse desta etiqueta), que tive o gosto de conhecer e privar uns anos mais tarde em Lisboa.
Apesar da entrada livre e do gosto pela música de José Afonso (ed il suo gruppo) não fui à Marina de Pisa ver o concerto... cheguei à cidade italiana no dia seguinte...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Lá para os lados do Pólo Norte (I)...

Cheguei a Narvik, pequena cidade do norte da Noruega, famosa pela grande batalha (durou um mês) naval e terrestre que ali se travou em 1940 entre ingleses e alemães, cerca das 23 horas. Apesar da claridade conferida pelo sol da meia-noite, o frio da não-noite nórdica aconselhava a procura de um abrigo coberto para estender o saco-cama e passar pelas brasas. Porque mais à mão, e após um breve diálogo com a Gabrielle, uma austríaca que tinha conhecido uns dias antes na Lapónia finlandesa e que me acompanharia até às terras da Noruega, o (pequeno) edifício da estação de caminho de ferro foi o local escolhido.
Adormeci, na “ressaca” da longa e lenta viagem que me tinha trazido da cidade de Kiruna (“perdiz branca” na língua do povo Sami, ver http://www.kiruna.se/ ), na Suécia, até Narvik. Não estranhei (tal o hábito...) que dois polícias, delicadamente diga-se, acordassem quem dormia no chão da “togstasjonen” (uns seis viajantes) e os expulsassem do recinto, justificando-se com o encerramento da estação até às 6 da manhã. Saímos ordeiramente (outra coisa não seria esperar tal a”macieza” dos homens da “Politi”) e, enquanto a meia dúzia de “desalojados” procurava um qualquer outro local para pernoitar, um homem de pequena estatura, nos seus 60 e tal anos, vestido de preto, meteu conversa com o grupo. O seu inglês não era o mais perfeito. Eram quase duas da manhã. A nossa reacção não foi a melhor. O que é que o tipo quer? Não tardámos a descobrir (e a arrependermo-nos da fria recepção). Era um pastor luterano que muito simplesmente nos convidava a passar a noite no interior da sua pequena igreja, um edifício antigo, construido em madeira, situado próximo da estação. Aceitámos de bom grado. A convite do pastor, entrámos na nave. As poucas e pouco intensas fontes de luz que (mal) iluminavam o local e o mantinham numa “temperatura de cor” cheia de dramatismo nórdico, permitiram, no entanto, descortinar uma mistura de mochilas e de corpos espalhada pela dezena de bancos corridos que preenchiam quase por completo o interior da igreja. A lotação do “InterRail Lodge” em que a igreja se transformara ficou esgotada com a chegada dos seis hóspedes tardios.
Dormi bem… até que acordei ao som de uma voz feminina (não sei quem era a senhora… muito provavelmente a esposa do pastor) que, apesar das palavras em norueguês, conseguiu levar alemães, italianos, austríacos, dinamarqueses, americanos, ingleses (e um português…) para um anexo onde nos esperavam travessas cheias de croissants, compotas, café, leite e sumos! Para quem não comia decentemente há semanas, foi o paraíso!Depois da reconfortante refeição matinal, começou a exploração de Narvik (http://www.narvikinfo.no/ ). Apesar da beleza da cidade e, particularmente, da sua envolvente natural, nada se tornaria tão marcante como a simpatia dos dois noruegueses.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

... (a)cronológica

Prestada que foi a devida homenagem ao objecto vermelho, de marca Karrimor (passe a publicidade), que transportou a minha tenda da ICA (a grande fábrica de tendas de campismo que existia em Águeda), uma tenda feita de um material que quando apanhava chuva o seu peso subia para os 25-30 kg, o saco-cama, a faca de mato, umas latas de atum e algumas (muito poucas) peças de roupa, um post prévio para salientar a natureza (a)cronológica dos escritos futuros, i.e., a ausência de uma ordem configuradora de qualquer sequência temporal...

domingo, 25 de maio de 2008

sábado, 24 de maio de 2008

Sete contos e quinhentos...

No próximo mês de Agosto faz 30 (trinta!) anos que comprei o meu primeiro passe Inter-Rail! Tinha 17 anos e, acompanhado por uma tia minha, depois de ter atravessado as obrigatórias Espanha e França, 'cheirei' a Suiça, a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a Roménia e, no regresso, a ex-Jugoslávia, a Itália, e Suiça outra vez e por aí adiante... tudo isto por sete mil e quinhentos escudos! Repeti a experiência (já sem a minha tia Maria) em 1979, 1980 e 1981! Inesquecível! Mais do que simples turismo, lições de vida, muitas histórias para contar!
Trinta anos depois, quando a Ryanair nos leva a Londres ou a Milão por 5 €, quando as grandes empresas que gerem os transportes ferroviários na Europa obrigam a uma escolha antecipada do trajecto a percorrer com o passe InterRail (acabaram com o gozo de chegar a Hendaye e enfrentar a escolha entre o cais 1 e o cais 3, para Paris e para Basel, respectivamente), quando o 'paradigma' de férias se alterou substancialmente... quando me lembro que andei oito dias por várias cidades da Europa com uma moeda de vinte e cinco tostões no bolso... chega este blogue, um espaço que não pretende ser mais do que 1. uma comemoração, 2. uma oportunidade para partilhar experiências e 3. uma forma de dar corpo, ainda que 'virtual', a uma certa nostalgia que certamente invade todos aqueles que, como eu, tiveram a felicidade de mostrar ao revisor um caderninho onde se podia ler Paris-Águeda, via Eirol!