terça-feira, 27 de maio de 2008

Lá para os lados do Pólo Norte (I)...

Cheguei a Narvik, pequena cidade do norte da Noruega, famosa pela grande batalha (durou um mês) naval e terrestre que ali se travou em 1940 entre ingleses e alemães, cerca das 23 horas. Apesar da claridade conferida pelo sol da meia-noite, o frio da não-noite nórdica aconselhava a procura de um abrigo coberto para estender o saco-cama e passar pelas brasas. Porque mais à mão, e após um breve diálogo com a Gabrielle, uma austríaca que tinha conhecido uns dias antes na Lapónia finlandesa e que me acompanharia até às terras da Noruega, o (pequeno) edifício da estação de caminho de ferro foi o local escolhido.
Adormeci, na “ressaca” da longa e lenta viagem que me tinha trazido da cidade de Kiruna (“perdiz branca” na língua do povo Sami, ver http://www.kiruna.se/ ), na Suécia, até Narvik. Não estranhei (tal o hábito...) que dois polícias, delicadamente diga-se, acordassem quem dormia no chão da “togstasjonen” (uns seis viajantes) e os expulsassem do recinto, justificando-se com o encerramento da estação até às 6 da manhã. Saímos ordeiramente (outra coisa não seria esperar tal a”macieza” dos homens da “Politi”) e, enquanto a meia dúzia de “desalojados” procurava um qualquer outro local para pernoitar, um homem de pequena estatura, nos seus 60 e tal anos, vestido de preto, meteu conversa com o grupo. O seu inglês não era o mais perfeito. Eram quase duas da manhã. A nossa reacção não foi a melhor. O que é que o tipo quer? Não tardámos a descobrir (e a arrependermo-nos da fria recepção). Era um pastor luterano que muito simplesmente nos convidava a passar a noite no interior da sua pequena igreja, um edifício antigo, construido em madeira, situado próximo da estação. Aceitámos de bom grado. A convite do pastor, entrámos na nave. As poucas e pouco intensas fontes de luz que (mal) iluminavam o local e o mantinham numa “temperatura de cor” cheia de dramatismo nórdico, permitiram, no entanto, descortinar uma mistura de mochilas e de corpos espalhada pela dezena de bancos corridos que preenchiam quase por completo o interior da igreja. A lotação do “InterRail Lodge” em que a igreja se transformara ficou esgotada com a chegada dos seis hóspedes tardios.
Dormi bem… até que acordei ao som de uma voz feminina (não sei quem era a senhora… muito provavelmente a esposa do pastor) que, apesar das palavras em norueguês, conseguiu levar alemães, italianos, austríacos, dinamarqueses, americanos, ingleses (e um português…) para um anexo onde nos esperavam travessas cheias de croissants, compotas, café, leite e sumos! Para quem não comia decentemente há semanas, foi o paraíso!Depois da reconfortante refeição matinal, começou a exploração de Narvik (http://www.narvikinfo.no/ ). Apesar da beleza da cidade e, particularmente, da sua envolvente natural, nada se tornaria tão marcante como a simpatia dos dois noruegueses.

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