Tal experiência não era nova para mim. Nova Gorica, na antiga Jugoslávia, e Hegyeshalom, na Hungria, já me tinham permitido a entrada para explorar o tal 'lado de lá'. Posso até dizer que a essa entrada não faltaram peripécias, mal-entendidos e dificuldades (assunto a retomar...). Mas algo de novo ocorreu na pequena aldeia fronteiriça de Hardegg, no norte da Áustria (região de Niederösterreich), banhada pelas águas do Thaya (rio que do 'lado de lá', mais propriamente na hoje República Checa, toma o nome de Dyje). Mesmo à mão de semear, uma velha ponte (encerrada há muitos anos) ligava a Áustria à então Checoslováquia. A metade verde pertencia ao 'lado de cá', a metade castanha, ao 'lado de lá'. Curiosamente, apesar de não haver qualquer posto fronteiriço, não se vislumbravam grandes barreiras no tabuleiro, sendo no entanto visível algum aparato de vigilância a alguns metros da margem.
Não obstante Hegyeshalom ou Nova Gorica, o fascínio associado á passagem para o 'outro lado' mantinha-se bem vivo. Somado ao 'fascínio' da ilegalidade (hoje chamar-lhe-ia qualquer coisa parecida com estupidez), a coisa tornou-se irresistível. Ultrapassei a 'cortina de ferro' a pé, entrando furtivamente na Checoslováquia. Diga-se que a visita foi breve (uns segundos) e ínfima a distância percorrida (cerca de 3 metros!). Mas ninguém me tira o prazer de poder dizer que entrei como clandestino num país do então chamado Bloco Soviético!
Registe-se que, no ano seguinte, voltei à Checoslováquia. Legalmente, desta vez, como a imagem abaixo apresentada o comprova.
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