Não é novidade para ninguém que as viagens de avião já não são o que eram. A massificação, a competição entre companhias, as ditas 'low-cost' (a curto prazo uma 'maravilha' da mão invisível do mercado, a médio, longo prazo, o 'carrasco' da aviação civil), transformaram uma viagem de avião em algo parecido com o acto de 'apanhar a carreira'. Cabe neste contexto a recorrente busca pelo bilhete mais barato, busca que pode implicar o itinerário mais inesperado, as 'aventuras' aeroportuárias mais inusitadas, ou a antítese daquilo que se espera de uma viagem, de avião... a rapidez. Na semana que passou, recolhi evidência empirica que sugerem a existência de outras implicações...
Tendo como destino final a cidade finlandesa de Tampere, a 'melhor solução' levou-me de Lisboa a Hamburgo, de Hamburgo a Helsínquia e de Helsínquia a Tampere (o regresso ditou um Tampere-Helsínquia-Estocolmo-Lisboa). Em Hamburgo, cinco horas separavam o horário de chegada do Airbus 319 da TAP da partida do Embraer 190 da Finnair. Apesar de gostar de aeroportos e de não me importar muito de passar umas horas a apreciar o peculiar ambiente que os caracteriza, apanhei o Strassenbahn e em 25 minutos estava no centro de Hamburgo. Há 30 anos que não visitava aquela que foi uma das principais cidades da Liga Hanseática. Fi-lo quando (curiosamente) também almejava alcançar as terras nórdicas da Finlândia. Saí na Hauptbahnhof (a estação central), deambulei pela Kirchenallee, percorri as margens do Aussenalster, o grande lago, e os caminhos que, por baixo da Ponte Kennedy, levam ao Binnenalster, o pequeno lago, a praça da Câmara Municipal... um dejá vu com três décadas.
De volta à Hauptbahnhof para apanhar o S-Bahn com destino ao aeroporto, um momento para olhar para a enorme gare e os enormes gleis (cais), com particular incidência para o nº 6: em Agosto de 1979, aquela plataforma serviu-me de 'hotel'; foi naquela plataforma que fui acordado pelas lambidelas de um enorme cão da polícia ferroviária alemã; foi também ali que estive cerca de duas horas a falar italiano com um backpacker (eu pensei que ele era italiano e vice-versa) que vim a descobrir viver em Esgueira e ser estudante na Universidade de Coimbra, aliás como eu, na altura.
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